Um debate acalorado sobre bem-estar animal tomou conta da Alemanha em março de 2024. Isso porque a principal associação de criadores do país alertou que cães da raça Dachshund — popularmente conhecidos como “cães salsicha” — poderiam desaparecer do território alemão caso um projeto de lei fosse aprovado.
A proposta, protocolada no início do ano, gerou forte repercussão dentro e fora da Europa. A preocupação foi expressa pela VDH, maior entidade de cinofilia da Alemanha, que classificou a medida como uma ameaça direta a raças com características físicas consideradas extremas.
Alerta sobre características físicas extremas dos cães salsicha
O Ministério da Agricultura alemão negou que o projeto tenha como objetivo banir raças específicas. No entanto, itiu que a proposta busca restringir a reprodução de cães com traços que possam causar sofrimento físico. Entre os exemplos citados estão pernas extremamente curtas ou colunas muito alongadas, como no caso dos Dachshunds.
Essas características podem levar a problemas de locomoção, dores articulares e lesões na coluna. Outras raças, como buldogues e pugs, também entraram na discussão por conta de dificuldades respiratórias associadas ao focinho achatado.
Ainda que o governo afirme não haver veto a nenhuma raça, o texto da lei levanta dúvidas. A VDH alega que o uso de termos vagos, como “anomalias do sistema esquelético”, abre margem para interpretações que podem inviabilizar a reprodução de diversas raças tradicionais.
Animais já existentes seriam preservados
Segundo o texto do projeto, cães que já existem não seriam retirados de suas famílias. No entanto, eles não poderiam ser cruzados nem exibidos em feiras ou exposições oficiais. Para muitos criadores, isso equivale a uma extinção gradual.
A medida faz parte de uma ampla reforma na legislação de proteção animal na Alemanha. O objetivo, segundo as autoridades, é evitar a reprodução de traços físicos que evoluíram mais por estética do que por funcionalidade ou saúde.
Mesmo assim, organizações ligadas à criação de cães argumentam que o projeto pode trazer insegurança jurídica e penalizar raças saudáveis. Em resposta, a VDH lançou uma petição online pedindo mais clareza e revisão no texto.
Projetos semelhantes pelo mundo
Esse não é um caso isolado. Países como Holanda e Noruega também discutiram, nos últimos anos, leis que limitam ou proíbem a reprodução de animais com deformações herdadas.
Na Noruega, por exemplo, tribunais já chegaram a proibir o cruzamento de certas raças braquicefálicas, como o buldogue inglês, por questões de saúde.
Essas medidas refletem uma tendência global de colocar o bem-estar animal acima de padrões estéticos. Ao mesmo tempo, elas desafiam criadores e tutores a repensarem escolhas baseadas apenas na aparência.
